quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Escolas de Goju Ryu de Okinawa

JUNDOKAN

Okinawa Goju-Ryu Karate-Do Kyokai. Fundada por Eiichi Miyazato 10ºDan (Hanshi). Também conhecida como Okinawan Goju-Ryu Karate-Do Association of Jundokan (ou ainda, Federação de Okinawa de Karate Jundokan - Goju-Ryu). Quando Chojun Miyagi faleceu, Miyazato ficou como instrutor responsável no seu maior Dojo, na Academia de Polícia de Naha. Construiu e fundou, em 1956, o Jundokan, que significa "a Casa dos Seguidores do Verdadeiro Caminho do Pai". Aí, fez questão de ensinar o Karate tradicional, tal qual Chojun Miyagi o transmitiu, na sua versão mais elaborada. Foi também presidente da All Okinawan Goju-Ryu Karate-Do Association, que congrega todos os grandes mestres de Goju-Ryu de Okinawa e em virtude de ter sido praticante e campeão de Judo na polícia japonesa e de Okinawa, foi Presidente da Federação de Judo de Okinawa. Reconhecido como uma das figuras mais proeminentes do Karate de Okinawa, em 1994 foi condecorado pelo Imperador, em reconhecimento pelos seus feitos no campo das artes marciais. Foi consultor técnico da Federação Mundial de Karate e da Federação Japonesa de Karate.

O Jundokan de Eiichi Miyazato atingiu hoje uma consagração incomparável de entre as organizações de Goju-Ryu no mundo. Dos cerca de 40 Dojos de Karate existentes em Naha, os da associação de Miyazato gozam de um imenso respeito e prestigio e qualquer aluno do Jundokan usufrui de um tratamento diferente. É resultado de um trabalho e de uma vida dedicadas ao karate de Chojun Miyagi. Em Naha, os princípios técnicos são muito similares entre as diferentes escolas, sendo notória a variação de abordagens de mestre para mestre. Eiichi Miyazato começou a treinar com a idade de 15 anos e aos 17 tornou-se aluno de Miyagi. Com o falecimento do Mestre em 1953, Miyazato tomou conta das suas principais classes, quer a da residência de Miyagi, quer a da Academia de Polícia, pelo que congregou em torno de si a maioria dos alunos graduados de Miyagi, possibilitando um trabalho técnico fiel aos ensinamentos do mestre e a solidez de uma equipa vinculada ao espírito do fundador do Goju-Ryu. Foi com esse sentimento que, em 1956, abriu o seu Dojo em Naha, denominando-o de Jundokan, num exemplo de dedicação e desenvolvimentos dos métodos mais sofisticados legados por Miyagi.


Miyazato, homem de forte constituição física e apuramento técnico, suscita o maior respeito pela sua cultura e humanismo. Relato lendário dessa postura é o famoso episódio passado com Sentayashi Matyoshi, lutador conhecido no Japão e ligado ao Yakusa. Ao chegar a Okinawa, entregou-se à frequência de variados Dojos, enfrentando os melhores karatecas de kumite. A sua terrível reputação só foi desmistificada quando chegou ao Jundokan e enfrentou Miyazato. Intimidado, converteu-se. O treino de Makiwara é uma das predilecções do Jundokan, pelo que foram desenvolvidas técnicas especiais de aperfeiçoamento, nomeadamente seiken, shoken e nakadaka ou ipponken (típica das katas Seipai e Suparinpei). O treino de kata e Bunkai é aperfeiçoadíssimo pela grande classe de seniores que ali treina e se divide por vários outros Dojos.

No Hombu-Dojo do Jundokan, os treinos são diários, divididos por diferentes classes, ensinado-se a partir das sete horas da manhã. Semanalmente, mais de quarenta 7ºDans e quase uma vintena de 8ºDans perfaziam a classe leccionada por Miyazato. Eiichi Miyazato foi um homem de grande franqueza e simplicidade. Afirmava ensinar o Karate por amor à arte e não por dinheiro. O melhor reconhecimento à memória do seu mestre foi continuar a ensinar de acordo com os conhecimentos herdados, enriquecendo a mensagem e o legado de Chojun Miyagi. As portas do seu Dojo estão sempre abertas a quem quiser aprender a arte do Goju-Ryu.


MEIBUKAN

Meibukan Goju-Ryu Karate Association. Sedeada em Kume, Naha City, Okinawa. Também conhecida por Zen Okinawa Karate-Do Goju-Ryu Goju-Kai, tem dimensão além fronteiras com o nome de International Meibukan Goju-Ryu Karate-Do Association. Associação criada por Meitoku Yagi, nascido em 6 de Março de 1912.

As suas raízes identificam-se com as 36 famílias chinesas que se radicaram em Okinawa a partir de 1392. Com 14 anos, começou a treinar com Chojun Miyagi. Foi junto dele levado pela mão de seu avô paternal (rígido crente na sua descendência samurai e em especial de um antigo primeiro ministro de Okinawa, Jana Oyakata, conhecido por ter acompanhado o Rei às conversações de paz que se seguiram ao Conflito de Keicho, em 1609, do qual resultou a derrota dos okinawenses. Yagi viveu sempre em Kume, onde os habitantes eram mais temidos que os militares, em função da sua devoção à religião confucionista. Em casa de Miyagi, retribuiu os seus ensinamentos com a prestação de trabalhos domésticos, estabelecendo uma ligação que duraria até 1953. Foi principalmente na Academia de Polícia de Naha, que aprendeu e treinou com Miyagi. Em 1963, recebeu da família Miyagi um dos Gi e cinturão usados por Chojun Miyagi, pelo que alguns o consideram seu sucessor.


O Meibukan dá grande ênfase ao trabalho da kata Shisochin, Sanchin e Tensho e às técnicas de mão aberta, em especial, o Nukite. Incute uma fluidez e elegância próprias nas suas técnicas, transmitindo os seus Dojos um ambiente místico e templário (sacral), onde a auto-correcção é o principal valor didáctico e educativo. Muito divulgado nos EUA a partir de 1960, pelo trabalho de Anthony Mirakian, o Meibukan de Yagi também influenciou tecnicamente Seigo Tada e Gogen Yamaguchi (a quem ao ensinar a essência do Goju-Ryu, se tornou dele grande amigo). Como referiu em 1978 Suruki, filha de Miyagi, Yagi foi dos alunos que mais tempo com ele treinaram e foi dos mais respeitados. Hoje, os responsáveis técnicos são os seus filhos Meitatsu e Meitetsu Yagi. Aparte dos EUA, o Meibukan radicou-se fortemente no Brasil, Índia e Japão.


SHOREIKAN

Fundada por Seikichi Toguchi, nascido a 20 de Maio de 1917 em Naha, Okinawa, sendo Shoreikan o nome do seu Dojo sede, em Nakano Machi.

Toguchi treinou durante 20 anos com Chojun Miyagi, até ao seu falecimento em 1953. Tendo sido tecnicamente muito influenciado pelo seu Sempai, Seiko Higa. Foi engenheiro electrónico no Exército Imperial Japonês durante a II Guerra Mundial e, depois da guerra, regressou a Okinawa, onde desenvolveu uma reconhecida assistência na reconstrução da ilha. Em 1952, Miyagi chamou-o a colaborar na direcção executiva da sua organização, a qual viria a ser denominada, em 1954, de Federação de Goju-Kai (o termo Kai tem aqui um significado formal, querendo dizer Associação, não confundir com a linha de Yamaguchi) na qual ficou como vice-presidente.

No primeiro campeonato mundial levado a cabo em Tóquio, em 1969, representou o Karate de Okinawa. Entre os seus principais discípulos, encontramos nomes como Katsuyoshi Kanei, Masanobu Shinjo, John Roseberry, Toshio Tamano e outros. Apesar da sua idade avançada, foi exemplo invejável de uma apurada condição física até ao fim dos seus dias. Tem dois livros escritos sobre o Okinawa Goju-Ryu, estando um deles traduzido para inglês. É a versão mais Ju do Goju-Ryu de Okinawa e introduziu a música no treino de kata, com vista a inspirar maior fluidez, ritmo e continuidade. Contém um esquema de exercícios diários denominados de kata kankuha, ordenando o trabalho de katas na seguinte sequência; Sishsoshin, Seisan, Seipai, Saifa. Engloba o treino de Kobudo e do Yoga.

Sendo um estilo suave, as suas posições são mais altas. Nesta linha, não há combate livre e a conduta moral é muito exigente. Sho-Rei-Kan, significam respectivamente; Respeito, Cortesia e Escola e trata-se de uma interpretação pessoal de Toguchi, organizada com vista à promoção internacional do estilo. Hoje o seu Hombu-Dojo situa-se em Koza, Okinawa, perto da base norte-americana de Cadena. Está dividido em quatro grandes categorias de trabalho e por graduações; iniciados treinam kata (dança) e dans treinam a condição física, a arte marcial e a meditação (ênfase na filosofia zen e no budismo indiano). Das quatro grandes linhas, é a menos representativa, apenas tendo expressão geográfica nos EUA, França, Itália, Japão e Inglaterra. Do Shoreikan derivou outra linha de Goju-Ryu, o Seidokan, de Senei Toma, que treinou também com Sikishi Shinjato, antigo aluno de Miyagi e que fora polícia e aprendera na Academia de Naha.


SHODOKAN

Kokusai Karate Kobudo Renmei ( International Karate and Kobudo Federation).

Linha fundada por Seiko Higa, nascido em 1898 e falecido em 1966. Durante alguns meses, treinou directamente com Kanryo Higashionna, aos 13 anos de idade e após a sua morte em 1915, acompanhou Chojun Miyagi como seu assistente e aluno sénior. Foi muito influenciado pelo seu Sempai, Juhatsu Kiyoda (dos antigos melhores alunos de Higashionna, e que viria a fundar o To`on-Ryu). Era um professor primário, que optou por aderir à polícia. Em 1931 abandonou a instituição policial e abriu o seu Dojo em Naha. De 1937 até ao início da II Guerra Mundial, ensinou em Saipan, no Pacífico Sul. No pós-guerra, abriu novo Dojo e ensinou na Universidade de Ryukyu e na Prisão de Naha. Não acompanhou Miyagi até ao fim, deixando de treinar com ele numa fase inicial do aperfeiçoamento do Goju-Ryu. Tal caracterizou fortemente alguma diferenciação técnica, principalmente em função da sua pequena estatura física, procedeu à adaptação técnica (mais conhecidas, são as técnicas de polvo, taco). Foi ele quem ordenou as katas no Goju-Ryu. Após o falecimento de Chojun Miyagi e até Meitoku Yagi ter recebido o mankyo-kaiden, foi responsável temporário da classe de Yagi.
Em 1956 tornou-se vice-presidente da Federação de Karate-Do de Okinawa e presidente dois anos depois. Nesse período, construiu o Shodokan e constituiu a Federação Internacional de Karate e Kobudo. Após ter falecido, Choboku Takamine assumiu a liderança da IKKF e o seu filho, Seikichi Higa, ficou como instrutor-chefe, ensinando no Kokusai, em Naha. Tem como conhecidos alunos seniores, Kanki Izumikawa e Teruo Hayashi.

Estas são as quatro interpretações técnicas fundamentais e de dimensão internacional significativa nos dias de hoje.

Existem outras associações particulares, mas que têm na raiz a mesma fonte técnica. Disso são exemplos a IOGKF de Morio Higaonna, a International Jundokan de Teruo Chinen (ambas nos EUA), ou a Association de Oshiro (em França), que aprenderam com Eiichi Miyazato.

A Goju-Ryu Yoshinkai, a International Karate Organization de Yamamoto, ou a Goju-Kai Karate-Do de Gosei Yamaguchi, todas originárias do Goju-Kai de Gogen Yamagushi.

Existem mais de 30 associações tecnicamente mais originais, como a Itokazukei Goju-Ryu Kenkyukai, de Yoshio Itokazu; a Goju-Ryu Karate-Do Gojukan, em Tóquio; a Tenshi-Goju Kai; ou mesmo a Nisei Goju, ou a Kazen Goju-Ryu, americanas; e o Goju Chinês, de Ron Van Clief, etc.. Há de facto um proliferar de pequenas associações, de iniciativa pioneira de alguns instrutores, mas sem representatividade significativa junto das entidades oficiais da modalidade. Não quero com isto diminuir o seu contributo para a divulgação do estilo, mas por vezes o seu arrojo juvenil é desvirtua a maturidade exigida para um lúcido ensino da modalidade.

Escolas de Goju-Ryu de Okinawa


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O Goju Ryu




Goju Ryu (剛柔流 gōjū ryū em japonês) é uma escola de karate originária de Okinawa. É um estilo que mescla formas "rígidas, duras" (Go) com formas "suaves" (Ju), criado por Chojun Miyagi, aluno do mestre Kanryo Higaonna, maior autoridade do Naha-Te em Okinawa. Mestre Miyagi, após passar 4 anos na China, onde treinou os estilos Pa Kua Chang e Shaolin Chuan, voltou a Okinawa e, baseando-se no princípio do Yin Yang (as energias negativa e positiva que regem o universo), ele uniu a flexibilidade das artes chinesas à rigidez do Naha-Te, criando o Goju Ryu - A Escola do Duro e Suave, do Rígido e Flexivel.


O nome Goju Ryu foi dado por Chojun Miyagi (1888-1953) na transição da década 20 para a de 30 ,durante o século XX, à escola de Karate Do que fundou. Existem várias versões sobre a data de surgimento do nome. A versão mais divulgada suporta-se no facto ocorrido no dia 5 de Maio de 1930 onde, para celebrar a coroação do príncipe Hirohito, foi realizada uma demonstração de artes marciais para a qual Chojun Miyagi foi convidado. Impossibilitado de participar, o Mestre enviou para essa demonstração o seu melhor aluno, Jin’na Shinzato (Este seu aluno morreu tragicamente na 2ª Guerra Mundial, na célebre batalha de Okinawa, com uma explosão de uma bomba à entrada da gruta onde se abrigava).

Depois de ter realizado as Katas Sanchin e Seisan, um dos participantes na demonstração perguntou a Shinzato o nome do seu estilo, pergunta para a qual não tinha resposta visto que os estilos eram conhecidos pela zona geográfica onde eram maioritariamente treinados, como por exemplo: Naha-Te, Shuri-Te e Tomari-Te, sendo Naha, Shuri e Tomari as 3 principais cidades de Okinawa.


No seu regresso a Okinawa, Shinzato relatou o acontecido a Chojun Miyagi que, de imediato, se apercebeu que seria importante dar um nome formal ao seu estilo, se queria que a sua arte fosse reconhecida e respeitada pelos Japoneses como uma arte comparável ao Judo e ao Kendo, que experimentavam grande popularidade e ascensão na época.

E foi assim que Mestre Miyagi extraiu a idéia de Goju Ryu, para o nome do seu estilo, de uma obra literária chamada Bubishi. Nesta obra existem oito poemas sobre as artes marciais (Kenpo Haku), e na terceira linha de um deles lê-se “Ho Go Ju Donto” (fazendo referência a como a respiração deve ser “dura” e “suave”).

Tendo em conta a natureza do estilo de Chojun Miyagi , um estilo contendo técnicas duras e suaves e dando ênfase à respiração, Goju parecia ser o nome ideal. No termo “Goju Ryu”, “Go” significa “duro”, “Ju” significa “suave”, e “Ryu” significa escola, como na maioria das denominações de escolas (”Ryu”) ou associações (”Kai”) de Karate Do moderno, embora algumas delas sejam conhecidas pelo nome do local de prática (”Kan”), como é o caso do Shotokan (Ryu).

Outra versão refere que, em 1933, sua escola foi oficialmente registada como Goju Ryu no Butoku Kai, a Associação Japonesa de Artes Marciais. É um facto que Chojun Miyagi, no seu excepcional livro escrito em 1934 Karate-Jutsu Gaisetsu - Explicação geral sobre a arte do Karate -, diz que o Goju Ryu Karate Kempo se desenvolveu com base no estudo aprofundado de um sistema Chinês de Fuzhou (Miyagi, 1934, trad: 1993, p. 16).


Assim, a data da denominação do estilo poderá ser considerada a de 1934, suportada pelos escritos do próprio fundador.

O Goju Ryu foi o primeiro estilo de To-De a ter um nome e a ser registado e, foi assim que viria a ser reconhecido, em Abril de 1933, pela Daí Nihon Butoku Kai, órgão criado para o reconhecimento e preservação das artes marciais tradicionais japonesas, onde no ano seguinte Chojun Miyagi aceitaria um cargo na direcção vigente e seria, também, nomeado chefe do departamento de To-De no ramo da Butoku Kai em OKinawa.


O significado de Goju Ryu


Go = Rígido

Ju = Suave/Flexível

Ryu= Estilo (Escola)


Características do Karate Goju Ryu

O Goju Ryu é o estilo de Karate que busca o equilíbrio dos opostos, das energias antagónicas e complementares. Ele ensina como agir, se com energia ou brandura, se com rapidez ou suavidade.

Praticar Goju Ryu é aprender a ser como a água, fluída e sem forma, que por isso pode assumir todas as formas; calma e suave ou revolta, mas ambas com o poder de ultrapassar quaisquer obstáculos, mesmo os de aparência mais resistente. O Goju Ryu caracteriza-se, também, pelos seus movimentos circulares.

Como a expansão do eterno universo, no qual encontramos a harmonia de “Go” (positivo) e “Ju” (negativo), o caminho do estilo Goju Ryu deve perseguir o crescimento da esplendida harmonia, do livre, elegante e infinito espírito das artes marciais.

guardianassociation

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A origem do Karate

O Princípio

O Karate, que literalmente significa “mão vazia”, reveste-se de muitas formas, mas todas elas com origem no século V graças a um sacerdote budista chamado Bodhidharma.
Naquele tempo, os sacerdotes eram peritos em defesa individual, pois passavam o tempo a combater contra os seguidores de credos religiosos diferentes. A sua auto-defesa baseava-se em técnicas de ioga.

Nos finais do século V, Bodhidharma abandonou a Índia em direcção à China, para ensinar, no mosteiro de Shaolin-Szu (Shorin-Ji em japonês), as técnicas de ioga que os seus discípulos precisavam para se iluminarem de corpo e alma.

Contudo, o exercício revelou-se demasiado esgotante para eles e, num esforço cujo objectivo era o aumento das suas energias, Bodhidharma introduziu no esquema de treinos uma variação da técnica de combate chinesa denominada Kempo. O resultado foi positivo e, pouco depois, o Templo de Shaolin-Szu tornou-se uma das mais respeitadas escolas de combate de toda a China.

Apesar das técnicas de Shaolin-Szu se terem espalhado por toda a China, eram praticadas com diversas variações, de acordo com a zona do país.

Em breve essas técnicas emigraram para os países vizinhos, chegando a atravessar os mares que separavam a China das ilhas vizinhas. Uma das ilhas que beneficiou da influência do estilo de combate de Shaolin-Szu foi Okinawa, a principal ilha do arquipélago de Ryukiu que se estende desde o Japão até à Formosa (Taiwan).

O Okinawa Te (TO-DE)

Okinawa já possuía o seu próprio método de combate, muitos anos antes da chegada das técnicas de Shaolin-Szu. Era simplesmente conhecido por Te, que significava mão e consistia num método de combate desarmado, que recorria ao uso total das mãos.

O Te caíra em desuso devido ao facto de os guerreiros terem adquirido o hábito de andar armados. Mas nos finais do século XV, o método de combate Te desenvolveu-se devido a restrições do uso e porte de armas, entretanto exigida aos habitantes de Okinawa.

Quando o Kempo chegou à ilha de Okinawa, o estilo do método de combate japonês (Te) juntou-se ao chinês e formou-se o “mão chinesa ou punho chinês”, designado por Tang e o kanji (símbolo) chinês que designava mão (ou punho, consoante a interpretação do símbolo). Esta forma de combate enraizou-se em Okinawa, tendo como pólos principais as cidades de Naha, Shuri (antiga capital) e Tomari (bairro nos subúrbios de Naha), dando origem a três estilos distintos de Okinawa Te, o Naha-Te, o Shuri-Te e o Tomari-Te.

No entanto, foi apenas no século XX que se veio a adoptar a designação de Karate, facto alegadamente atribuído a Anko Itosu.

Karl Oldgate


As Escolas

Posteriormente, o karate de Okinawa divide-se em quatro grandes escolas (estilos), por um lado, em função das variações seguidas naquelas cidades e, por outro, fruto da influência directa do Kempo chinês. Assim e no que às principais escolas respeita:
- Do Naha-Te, fundado por Chojun Miyagi, surge o Goju Ryu;
- Do Shuri-Te, fundado por Choshin Chibana, nasce o Shorin Ryu (Kobayashi Ryu), enquanto que do Tomari-Te, fundado por Shoshin Nagamine, surge o outro Shorin Ryu (Matsubayashi Ryu);
- Sob a influência directa do Kempo chinês, e fundado por Kanbun Uechi, é criado o Uechi Ryu.

Com o desenvolvimento do Karate de Okinawa, e resultante da sua divulgação nas ilhas principais do Japão, desenvolveram-se as seguintes Escolas:
- Do Shuri-Te e do Tomari-Te surge o Shotokan (por Gichin Funakoshi) e o Wado Ryu (por Hironori Otsuka);
- Do Naha-Te e do Shuri-Te é criado o Shito Ryu, por Kenwa Mabuni;
- O Goju Ryu de Chojun Miyagi mantém a designação.

Kenwa Mabuni, Genwa Nakasone e M. Higaonna