domingo, 1 de fevereiro de 2009

A origem do Karate

O Princípio

O Karate, que literalmente significa “mão vazia”, reveste-se de muitas formas, mas todas elas com origem no século V graças a um sacerdote budista chamado Bodhidharma.
Naquele tempo, os sacerdotes eram peritos em defesa individual, pois passavam o tempo a combater contra os seguidores de credos religiosos diferentes. A sua auto-defesa baseava-se em técnicas de ioga.

Nos finais do século V, Bodhidharma abandonou a Índia em direcção à China, para ensinar, no mosteiro de Shaolin-Szu (Shorin-Ji em japonês), as técnicas de ioga que os seus discípulos precisavam para se iluminarem de corpo e alma.

Contudo, o exercício revelou-se demasiado esgotante para eles e, num esforço cujo objectivo era o aumento das suas energias, Bodhidharma introduziu no esquema de treinos uma variação da técnica de combate chinesa denominada Kempo. O resultado foi positivo e, pouco depois, o Templo de Shaolin-Szu tornou-se uma das mais respeitadas escolas de combate de toda a China.

Apesar das técnicas de Shaolin-Szu se terem espalhado por toda a China, eram praticadas com diversas variações, de acordo com a zona do país.

Em breve essas técnicas emigraram para os países vizinhos, chegando a atravessar os mares que separavam a China das ilhas vizinhas. Uma das ilhas que beneficiou da influência do estilo de combate de Shaolin-Szu foi Okinawa, a principal ilha do arquipélago de Ryukiu que se estende desde o Japão até à Formosa (Taiwan).

O Okinawa Te (TO-DE)

Okinawa já possuía o seu próprio método de combate, muitos anos antes da chegada das técnicas de Shaolin-Szu. Era simplesmente conhecido por Te, que significava mão e consistia num método de combate desarmado, que recorria ao uso total das mãos.

O Te caíra em desuso devido ao facto de os guerreiros terem adquirido o hábito de andar armados. Mas nos finais do século XV, o método de combate Te desenvolveu-se devido a restrições do uso e porte de armas, entretanto exigida aos habitantes de Okinawa.

Quando o Kempo chegou à ilha de Okinawa, o estilo do método de combate japonês (Te) juntou-se ao chinês e formou-se o “mão chinesa ou punho chinês”, designado por Tang e o kanji (símbolo) chinês que designava mão (ou punho, consoante a interpretação do símbolo). Esta forma de combate enraizou-se em Okinawa, tendo como pólos principais as cidades de Naha, Shuri (antiga capital) e Tomari (bairro nos subúrbios de Naha), dando origem a três estilos distintos de Okinawa Te, o Naha-Te, o Shuri-Te e o Tomari-Te.

No entanto, foi apenas no século XX que se veio a adoptar a designação de Karate, facto alegadamente atribuído a Anko Itosu.

Karl Oldgate


As Escolas

Posteriormente, o karate de Okinawa divide-se em quatro grandes escolas (estilos), por um lado, em função das variações seguidas naquelas cidades e, por outro, fruto da influência directa do Kempo chinês. Assim e no que às principais escolas respeita:
- Do Naha-Te, fundado por Chojun Miyagi, surge o Goju Ryu;
- Do Shuri-Te, fundado por Choshin Chibana, nasce o Shorin Ryu (Kobayashi Ryu), enquanto que do Tomari-Te, fundado por Shoshin Nagamine, surge o outro Shorin Ryu (Matsubayashi Ryu);
- Sob a influência directa do Kempo chinês, e fundado por Kanbun Uechi, é criado o Uechi Ryu.

Com o desenvolvimento do Karate de Okinawa, e resultante da sua divulgação nas ilhas principais do Japão, desenvolveram-se as seguintes Escolas:
- Do Shuri-Te e do Tomari-Te surge o Shotokan (por Gichin Funakoshi) e o Wado Ryu (por Hironori Otsuka);
- Do Naha-Te e do Shuri-Te é criado o Shito Ryu, por Kenwa Mabuni;
- O Goju Ryu de Chojun Miyagi mantém a designação.

Kenwa Mabuni, Genwa Nakasone e M. Higaonna


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